Em O que é meu, o sociólogo José Henrique Bortoluci usa entrevistas com o seu pai, Didi, para reconstituir a história recente do Brasil e da sua família. De meados da década de 1960 a meados da década de 2010, o trabalho de Didi como camionista levou-o a ficar longe de casa por longos períodos, cruzando o país e participando em grandes construções de infraestrutura, como a Rodovia Transamazônica, um projeto liderado pela ditadura militar da época, realizado através de um desmatamento brutal. Observador da história, Didi conta também as consequências do seu trabalho para a sua saúde, desde um enfarte na meia-idade até ao cancro que define a sua reforma. Bortoluci tece a história de uma nação com a de um homem, descobrindo paralelos entre o cancro e o capitalismo - ambos sustentados pela expansão, ambos personificações do “evangelho do crescimento a qualquer custo” - e traça a distância que a classe colocou entre ele e o seu pai. Influenciado por autores como Annie Ernaux e Svetlana Alexievich, What Is Mine é um exame comovente, instigante e brilhantemente construído das cicatrizes que carregamos, como pessoas e como países.